Vira o disco e toca o mesmo
Parece estranho voltar a insistir no mesmo assunto mas por ausência de respostas insistimos nas perguntas. Ao menos tentamos. Não somos pela desobediência civil, não aprovamos actos irresponsáveis nem pactuamos com eles mas a verdade é que as respostas só chegam após boicotes, greves e outras atitudes do género.
Infelizmente o drama dos incêndios não foi visível apenas no ano passado, todos os anos a conversa é a mesma e nem o ditado popular que diz que casa roubada trancas à porta é aplicável no contesto a que me refiro. A irresponsabilidade das pessoas que estão à frente de organismos como a Associação de Produtores Florestais do Concelho de Alvaiázere, a Direcção Geral dos Recursos Florestais, o Ministério da Agricultura e dos sucessivos Governos tem sido gritante, durante a já denominada época de incêndios a reflorestação é um tema corrente sendo depois arrumada na gaveta até à época seguinte. Ora num país onde a floresta corresponde a dois terços do espaço era justo que fosse a área de exploração principal e porque não fundamental do país mas ao contrário do que haveria de ser estamos mais interessados em planos tecnológicos do que com as riquezas que o nosso solo tem para nos oferecer. Qualquer pessoa que tenha jogado um jogo de estratégia no seu PC sabe que para fomentar o desenvolvimento deve-se começar por apostar na agricultura e depois na tecnologia aproveitando as riquezas provenientes da exploração agrícola. Acontece que, como bons Portugueses, queremos dar um passo maior que as pernas e saltamos a agricultura deixando-a para os Espanhóis e indo directamente para a tecnologia fomentando assim o subdesenvolvimento do interior e a continuação da migração das populações para os grandes centros urbanos que geralmente se encontram no litoral. A população do interior agradece que um dia lhes prestem a devida atenção, desenganem-se os que pensam que o interior apenas dispõe de um potencial turístico, desde sempre que as populações se dedicaram à produção e exploração da agricultura e dos recursos florestais, não acho que seja um aspecto negativo antes sim um potencial a explorar.
Com uma floresta de cinzas resta-nos esperar que a Natureza faça a sua própria regeneração encarregando-se de a fazer sem qualquer ordem como é de esperar. Até lá resta aos nossos engenheiros agrónomos e florestais a procura de emprego e a espera de dias melhores e aos nossos produtores sorte com os incêndios, as florestas agradecem e numa altura em que o PIB é assunto do dia as finanças também. Porque as nossas matas não podem esperar, porque os pequenos proprietários não podem esperar o MSM instaura uma moção de secura a todos os responsáveis pelo estado a que isto chegou e a consequente deportação para a ilha das Berlengas e seguida da explosão da ilha com o resto das bombas que sobraram do ultramar.
Cumps