sexta-feira, maio 16, 2008

Pedido de Informações

O MSM, como movimento ao serviço do interesse público maçanense, vem por este meio, solicitar à população informações que possam ser úteis ao prezado José de Matos, no seguimento do mail que passamos a transcrever:
Caros membros e dirigentes do MSM,

Antes de mais os meus parabéns pela qualidade e irreverência do vosso blog. Foram aliás essas características que me impulsionarem a eleger-vos para me ajudarem na pesquisa que estou realizando a propósito de um meu personagem que tem por base um maçanense recambiado para Moçambique na agora longínqua década de cinquenta. E digo recambiado e não emigrado pois, conforme ele desabafava, assim teria sido em consequência de um desaguisado com as autoridades, por ocasião de umas festas em Maças de Dona Maria, localidade metropolitana de onde se afirmava originário.
Conheci-o na minha infância. Brinquei tardes a fio no seu quintal à sombra duma massaniqueira (de maçãs da Índia) que a terra mais do que o seu esforço, presumo, ali fizera brotar. Na altura as histórias que dele escutava me intrigavam mais do que me esclareciam. Sobretudo porque só o fazia quando já muito bêbado, rangendo os dentes descuidados, de serrote na mão, lançava impropérios contra tudo e contra todos, e em particular contra as autoridades policiais.
Era um mestre carpinteiro de mão cheia. Descriminado pela comunidade branca, casara com uma senhora mestiça, e radicara-se no bairro suburbano da cidade da Beira que ficava contíguo ao quartel do exército. Do casamento nasceriam três filhos - o Manuel, o Carlitos, e a Anita.
Quando sóbrio era uma jóia de pessoa, afável e carinhoso, especialmente connosco, as crianças. Mas quando sóbrio nunca da sua boca se alongavam as histórias que aflorara enquanto ébrio, dando mesmo o dito por não dito quando indagado pela natural curiosidade da petizada.
Soube, na minha última visita à Beira, pelo Manuel, seu filho mais velho, que falecera. Receoso da efabulação que a distância no tempo provoca, confrontei as gentes dali com os excêntricos episódios por ele protagonizados que povoavam a minha memória, buscando um sentido para as atitudes daquele homem tão enigmático quanto próximo de nós.
Da sua “história portuguesa” pouco ou nada se sabe. Mesmo a mulher e os filhos são incapazes de ajudar. Nunca voltou à sua “metrópole”, afinal a Maçãs de Dona Maria, nome que gritava quando etilizado depois de enunciado o seu nome completo: “Hermenegildo Ferreira Duro, guerree (rangendo os dentes), natural de…
É pois sobre essa “história portuguesa” que me interessa conhecer mais.

Estando a escrever sobre a primeira metade da década de sessenta naquele bairro suburbano que o acolheu, toda e qualquer informação contribuirá para “alimentar” o personagem, talvez não ilustre mas incontornável, que ali foi este maçanense.

De antemão grato,


José de Matos

PS. Deslocar-me-ei se necessário e expressamente a Maçãs de Dona Maria caso exista alguma pista.