terça-feira, outubro 11, 2005

FORA









Rapaziada:
como todos devem saber, a menos que tenham entrado em estado vegetativo no Domingo às sete da tarde e ainda não tenham sido reanimados, já são públicos os resultados das eleições, quer a nível municipal, quer a nível da freguesia.
Até porque não é difícil... os votos são fáceis de contar, pois não são assim tantos. Até começam a ser cada vez menos...
Este é um concelho em que a população residente, segundo dados de 2003, é de apenas 8 421 pessoas, e em que os menores de 15 anos são apenas uma oitava parte ( 1 097); quando dez anos atrás (1993), tinha 9 288 residentes, dos quais 2 004 tinham menos de 15 anos. Em dez anos, existem menos mil crianças no concelho de Alvaiázere. Nesses dez anos, perdemos mil habitantes.
Nas últimas eleições (2001), tínhamos apenas 7670 eleitores inscritos. E sabemos bem que estes números estão inflacionados, pois alguns dos eleitores inscritos já votam noutras urnas (na vida eterna, se esta for regida por um regime democrático), ou residem noutros concelhos.
Não será exagero se dissermos que cerca de meia centena de eleitores residem fora do concelho. O que nos leva a concluir que, se os cadernos eleitorais correspondessem à verdade, teríamos cerca de sete mil eleitores, o que é dizer, sete mil cabeças a contar para o orçamento do estado. Os dinheiros públicos são distribuídos consoante a população. E aí começa-nos a fazer falta um baby boom...
Os concelhos não são apenas divisões administrativas do território, são gente, são pessoas. Neste caso, o Município de Alvaiázere caminha, pode dizer-se, para a sua própria extinção... A não ser que haja uma verdadeira alteração do status quo, não tardarão vinte anos, para que a nossa população passe a metade. Por isso, ou se faz alguma coisa para alterar esta situação dramática, ou podemos apenas confiar na evolução médica para garantir a esperança média de vida. Pois o nosso tecido empresarial poderá, em breve, ver nos lares de idosos a única janela de oportunidades do concelho...
Resta-nos dar os parabéns aos autarcas eleitos no concelho e nas freguesias, e desejar as maiores felicidades no desempenho dos seus cargos. Pois os seus sucessos serão, antes de mais, os sucessos do concelho. O povo votou (a abstenção até foi razoável) e escolheu. O povo é soberano e não se costuma enganar, mesmo quando pensam que é burro. Está de parabéns a maioria que foi eleita, mas também os partidos que fizeram campanhas sérias, empenhadas, apresentaram projectos mas não conseguiram os seus intentos nas mesas de voto. Resta-lhes ser oposição séria, construtiva, presente.
Só assim se poderá construir um futuro. É o que tem feito falta ao concelho, e também à nossa querida freguesia - futuro.
E o futuro é feito de pessoas, de gente - mas gente presente.
Maçãs e Alvaiázere têm, neste momento, muito provavelmente, mais gente ausente que presente. Têm estudantes fora, trabalhadores em Lisboa e noutras cidades da zona centro (Pombal, Coimbra), têm emigrantes em vários pontos da Europa.
Andam por aí os alvaiazerenses e maçanenses - FORA da sua terra.
Deve pensar-se quantos deles voltarão. E quantos deles quererão voltar.
Deve pensar-se PORQUÊ...